OBSERVATÓRIO DE INOVAÇÃO NO ENSINO DA ENGENHARIA EM IES PÚBLICAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (EDS)

Resumo

A busca de indícios sobre práticas de EDS nos níveis do planejamento curricular e institucional possibilitou uma visão preliminar de como as IES públicas de Minas Gerais estão lidando com a EDS. Alguns pontos podem ser elencados à guisa de conclusão. Primeiro, no nível do planejamento curricular, não foi identificada a menção específica aos ODS ou à Agenda 2030. Por meio desta análise, foi possível perceber que cursos que possuem forte proximidade com as ciências da terra e naturais mencionam a temática da sustentabilidade, ainda muito ligada à dimensão ambiental. Diante disso, é importante enfatizar que todas as áreas da engenharia têm capacidade de endereçar os desafios de desenvolvimento sustentável por meio da proposição de diversas soluções e tecnologias para diversos fins (UNESCO, 2022). Neste sentido, a prática de institucionalizar as ações de EDS, vista de modo mais claro na UFU é um importante esforço a ser feito para que as diretrizes institucionais fomentem o planejamento curricular e consequentemente alcancem a sala de aula. Ainda, quando são levantadas instituições inscritas em ranqueamentos de desenvolvimento sustentável é possível identificar que há, no nível institucional, a busca do reconhecimento e do fortalecimento da sustentabilidade da IES. Entretanto, o transbordamento da diretriz para a sustentabilidade para os demais níveis da instituição não foram vistos do mesmo modo. As ações destacadas de EDS das instituições analisadas levantam referências interessantes de serem disseminadas para outras instituições de ensino de Engenharia. A organização das ações, a regulamentação para o alinhamento com a Agenda 2030 e a busca de recursos são modelos de ações relevantes para o fortalecimento da EDS. Ainda, o fato desta análise ter focado os níveis de planejamento curricular e institucional apresenta limitações. Investigações e análises de práticas de aprendizagem ativa para EDS devem ser feitas para completar esta análise e gerar uma visão mais ampla desta questão. Por fim, vale ressaltar que a discussão da EDS, sob o ponto de vista da teoria crítica, guarda diversas contradições. Nesta visão, a sustentabilidade é tida como um discurso ideológico para mascarar os impactos nocivos da atividade capitalista (VIZEU, MENEGHETTI, e SEIFERT, 2012). Diante destes argumentos, a EDS deve considerar também que o estudante se aproprie destes conhecimentos para o aperfeiçoamento de sua prática de modo emancipatório. Assim, a sustentabilidade será uma práxis transformadora, em que a condição humana seja considerada de modo prioritário em relação aos
interesses econômicos.