Lugares incendiários em cena: significados do fogo em obras cinematográficas sobre resistência civil

Autores

  • Gabriel José Dias Ferreira
  • Paulo Cezar Nunes Junior

DOI:

https://doi.org/10.29327/1307153.1-11

Palavras-chave:

backfire, crise democrática, filmes, fogo, resistência civil

Resumo

Em relação à função das produções audiovisuais, foi possível esclarecer que as narrativas revisitam um passado que pede por reconciliação, mas que, para isto, requer lidar com o que tentou-se esquecer. Atuando no entre-frames, descobriu-se alguns significados que o fogo evoca. A primeira resposta dialoga com o luto daqueles que tiveram um membro familiar ou amigo desaparecido, seja em ditaduras, numa sociedade intolerante com direitos individuais ou devido ao atual desaparecimento de corpos que entram em viaturas policiais. Além disso, a repressão autoritária pode soar, para personagens de grupos minoritários, menos assustadora do que o sistema de coação pertencente à sociedade a qual habitam. A filmografia de resistência ainda possibilitou constatar que, paradoxalmente, a violência autoritária sobrevive após seu fim, principalmente para algumas pessoas destes grupos. Além disso, foi evidenciada que uma outra categoria de pessoas, marcadas pela estigmatização dentro do espectro político-ideológico, como a de “comunistas”, sofrem tanto quanto os grupos minoritários. No entanto, existe um padrão dentro destes contextos sociais denominado backfire, um evento que, basicamente, retorna ao repressor a sua opressão, mas que em alguns casos falha, e isto porque a opinião pública atua como mediadora entre a violência autoritária e a repercussão que ela suscita e que permite, ou não, o contragolpe.

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Publicado

20.12.2023