SABERES LOCAIS E INOVAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO ARTESANAL DE CACHAÇA EM UM ALAMBIQUE FAMILIAR
DOI:
https://doi.org/10.29327/1626690.7-4Palavras-chave:
Cachaça artesanal, Desenvolvimento local, Engenharia, Rural, Sul de Minas GeraisResumo
A pesquisa enfatiza a importância de promover políticas que integrem as dimensões rural e urbana, valorizando as tradições locais enquanto estimulam inovações tecnológicas para um desenvolvimento sustentável. A produção de cachaça artesanal, exemplificada no alambique familiar de Maria da Fé, ilustra como saberes tradicionais podem se aliar às práticas da engenharia química, resultando em processos mais eficientes e respeitosos com o meio ambiente.
Nesse contexto, a combinação entre tradição e inovação é fundamental. As práticas artesanais preservam a cultura local e abrem espaço para a aplicação de conhecimentos técnicos que otimizam os processos de produção. O vinhoto, um subproduto gerado durante a produção, possui um grande potencial para ser reutilizado de diversas maneiras, seja como insumo para a fabricação de outros produtos ou como matéria-prima para a geração de energia. Embora esse potencial ainda não seja explorado pelo alambique, sua utilização poderia não apenas agregar valor à produção, mas também contribuir para práticas mais sustentáveis.
Adicionalmente, a situação da família produtora, que opera na informalidade devido à alta tributação, reflete o descaso do governo em relação aos pequenos produtores. Reconhecer e valorizar os saberes locais é crucial, e a engenharia química pode desempenhar um
papel essencial nesse processo, aprimorando práticas que minimizam perdas e aumentam a eficiência produtiva.
Assim, a valorização dos saberes locais, somada à implementação de práticas sustentáveis, pode gerar novas oportunidades de renda e promover o desenvolvimento econômico de forma integrada e responsável. Este modelo de integração, embora observado no Sul de Minas Gerais, tem potencial para ser adaptado a outros contextos rurais, destacando a capacidade de unir tradição e inovação.
A pesquisa revela a necessidade de que as políticas públicas reconheçam e apoiem essa interconexão, garantindo que os pequenos produtores tenham espaço para prosperar. A análise do alambique familiar em Maria da Fé mostra que, ao respeitar e fortalecer as tradições locais, e ao buscar inovações que atendam às demandas contemporâneas, é possível construir um caminho para um desenvolvimento que respeite a dignidade das comunidades e promova a preservação cultural e ambiental. A valorização da produção artesanal de cachaça se destaca, portanto, como um elemento chave para explorar as interações entre o rural e o urbano, contribuindo para a geração de renda e reforçando a importância da cultura local no contexto do Sul de Minas Gerais.